Ela estava habituada ao vazio constante, nada meramente lhe
preenchia, era apenas sempre o vácuo desesperado implorando para sair, nada a
mais e nada a menos. Até o momento que o conheceu, ele com seus excessos que
vazavam por todas as avenidas que passava, que era mais social que a própria
socialização.
Ele falava sobre “amor e outras drogas”, sobre o futuro,
sobre tudo que queria e o que não queria. Disseminava suas opiniões irresponsáveis
para cada pingo de chuva, esperando que um dia eles levassem até o mar.
Ela chorava pelos cantos, jurava que o amor não passava de
uma utopia. Ela era chuva, era o mar de ressaca, era tempestade, era tsunami, porem
tinha medo de despertar e vazar. Tinha
medo de arranhar o cubÃculo que vivia e perder o ar que havia acumulado ali
dentro.
Ingenuamente, eu não acreditava que existiam pessoas partidas
ao meio procurando a sua metade, não acreditava em linhas do destino, nem em
panelas meio vazias, até que os conheci. Eles que não eram nada e buscavam ser
tudo, se encaixaram em outro dialeto completamente desconhecido, provavelmente
antes deles não existia o romance, nem crianças, nem o cheiro doce de chocolate
quente pelas manhas.