Hoje é dia nove de janeiro e faz mais de um ano que eu venho
pensando no que significa desconhecer alguém, eu não sei qual o seu sabor de
sorvete favorito, se prefere os dias de sol ou de chuva, mas sei que sua cor
favorita é verde, mas todo mundo acha que é marrom, sei que tem uma pintinha ao
lado dos seus lábios, que só aparece quando você faz a barba (lembra quando você
fez a barba para ver como ficava sem? Você ficou choramingando até ela voltar
ao normal, você se achou feio e eu só conseguia me perguntar como alguém pode
ser incrivelmente lindo de qualquer forma, e como algumas formas são perfeitas,
perfeita como a manchinha perto dos seus lábios).
Quando nos conhecemos te impressionei com como tudo era tão
errado na minha vida e você tentou consertar cada erro, mas não conseguiu.
Moramos em casas sem estruturas e por um tempo você estruturou a minha.
Eu ainda não superei as suas músicas favoritas, meus gostos
musicais eram semelhantes aos seus e cada música do Los Hermanos ainda tem um
pedaço de você. Tenho em mim um universo com o seu nome com data de validade,
eu não sei mais que horas você acorda ou com quem tem saÃdo, rasguei seu
endereço e tirei de vista todos os presentes que você me deu (ainda não
consegui joga-los fora como sempre digo que fiz).
O tempo passou, mas eu ainda espero que você apareça encharcado
em meu portão (nunca existiu obstáculos para você aparecer aqui, você mesmo
dizia que uma chuva não era nada), ainda acho que a qualquer hora você irá me
chamar mostrando a música nova que você compôs ou me mandando fotos de como tá o
role. Infelizmente eu costumo esperar muita coisa, inclusive ter o poder de te
desconhecer um dia, de esquecer de como era ouvir sua voz rouca me perguntando “o
que você fez comigo para eu te amar tanto? ”.
Engraçado que não sabia como um dia essa pergunta seria eu
quem faria.