- Mas que droga, me deixa em paz. Você não entende? Não é da
sua conta, seus sentimentos são rasos e quebradiços, seus sorrisos são
desesperados e forçados. Isso que
chamamos de relacionamento... de amor... já não rende. Você me tornou rotina e
agora eu lhe torno passado.
Ela gritava, queria que por um instante o mundo todo a
ouvisse e não só o garoto esguio parado à sua frente. Era pequena, 1.60 de
injuria, confusão e carência. Aquele já
era o terceiro ou seria o quarto? Amor eterno que encontrara em seus pesarosos
14 anos.
Sua voz era amargurada, porem nenhuma lagrima ultrapassava
seu olhar de felina. - Me desculpe, adeus. – apoiou-se com dificuldade na ponta
de seus pés e depositou um beijo cheio de lamurias no rosto fino garoto, sentiu
o gosto salgado em seus lábios e os limpou. Correu; tropeçou, por um segundo
quase caiu, mas não deixou de correr, pois sabia que se parasse olharia para
trás.
Ela prometeu que faria de tudo, que iria experimentar tudo que
o mundo estivesse disposto a oferecer.
Mas foram promessas vazias, sem coragem, sem necessidade. Meteu os pés pelas
mãos meio milhão de vezes. “Vai com calma Gabriela”, “você ainda é uma criança”,
“da um tempo para a ferida cicatrizar”, mas não podia, tinha medo. Nem mesmo o
calor do abraço reconfortante de sua mãe entedia, não satisfazia.
Loira, azul, roxo, branco, novamente roxo, novamente azul,
morena, verde, ruiva. Pintou o cabelo mil vezes, pra ver se identificaria, mas
enjoava, se enojava. O mundo sempre foi muito pequeno pra sua imensidão, as
pessoas muitos frias para seu amável coração. Insuficiência seria sua palavra
certa.
Pequena demais, imensa demais, insuficiente demais, Gabriela
demais.