Acho que a vida é feita de frustrações.
Olho para o meu violĂ£o no canto do quarto e me iludo
sĂ£o quinze anos sem saber toca-lo.
Sabe, nem todo mundo nasce com o dom de ter tempo.
Olho para o meu violĂ£o no canto do quarto e me iludo
sĂ£o quinze anos sem saber toca-lo.
Sabe, nem todo mundo nasce com o dom de ter tempo.
VocĂªs fazem mĂ³ auĂª por causa da carne, ou de quĂ£o grande Ă© casa
daquela mulher famosa.
Qual foi mesmo o assunto da semana? Aaah Ă©.... aquele filme de super-herĂ³i e o super-herĂ³i que matou o seu colega de quarto, diz ele que por autodefesa, e quem sou eu para julgar? Perdi a conta de quantas vezes me vi sem famĂlia sĂ³ para o peso nas costas acabar.
Qual foi mesmo o assunto da semana? Aaah Ă©.... aquele filme de super-herĂ³i e o super-herĂ³i que matou o seu colega de quarto, diz ele que por autodefesa, e quem sou eu para julgar? Perdi a conta de quantas vezes me vi sem famĂlia sĂ³ para o peso nas costas acabar.
Meu auĂª se chama dor de cabeça, apĂ³s trabalhar janeiro
inteiro em baixo de 30 graus de sol, sĂ³ me alivio no inverno, que congelo aos
15 graus medianos de SĂ£o Paulo.
NĂ£o venha tentar me educar e dizer que meu problema Ă© sĂ³
falta de informaĂ§Ă£o. Meu caro... Meu
problema Ă© falta de dinheiro e de tempo para fazer mais dinheiro.
VocĂª sabe o que Ă© ter que sustentar uma famĂlia que nem ao
menos foi vocĂª que fez? Pois Ă©, sĂ£o trĂªs irmĂ£os pequenos e eu mal tenho 20
invernos e sou incapaz de deixĂ¡-los morrer de fome.
EntĂ£o para com esse seu conto de fadas que me fere, que
influi que eu sou burro. Eu sou Ă© bem inteligente, pena que o sistema nĂ£o
engloba o menino que empina pipa as férias inteiras na periferia.
Muito menos uma mĂ£e que nĂ£o entendia o que era contraceptivo
e que homens muitas vezes nĂ£o sĂ£o bons. Desculpa aĂ se o seus pais sĂ£o
cuidadosos e vocĂª tem seu aconchego de ser filho Ăºnico, e tu ainda vem apontar
o dedo na minha cara dizendo que tenho tudo.
Tudo o que? Eu tenho fome de mil sonhos impossĂveis, tenho
uma irmĂ£ que se arrasta em bailes por drogas e uma mĂ£e ajoelhada em lĂ¡grimas na
igreja da esquina 3x por semana. Tenho carĂªncia de um pai que nĂ£o sei o nome e
a escola que nunca soube quem eu sou.
É 2017 e o mĂ¡ximo que alcancei Ă© ser servente de pedreiro,
eu me mato o dia inteiro arrumando o seu banheiro, onde vocĂª faz as suas merdas
enquanto eu procuro o melhor abrigo para os meus irmĂ£os, com medo das
tendĂªncias suicidas da matriarca.
Sabe tudo que eu tenho Ă© inveja da sua vida dura de acordar
7:30 para assistir uma aula de ciĂªncias humanas, invejo seus assuntos no bar
“vocĂª acha mesmo que a repĂºblica de PlatĂ£o alcançaria uma sociedade perfeita? ”,
eu nĂ£o sei quem foi PlatĂ£o, mas sei muito bem que a sociedade estĂ¡ muito longe
da perfeiĂ§Ă£o.