Ela não merecia um premio por
pensar antes de agir, pois apenas seguia a regra que para toda ação há uma
reação e tinha medo de todas as reações que não podia prever. Apesar de parecer
saber exatamente quem era e estar completamente acomodada, não sabia nem mesmo
o que era se sentir bem ou estar bem, não conseguia nem falar seu endereço sem
se perder e tinha medo de todas as duvidas e as verdades não absolutas. Sabia
que deveria se encontrar, mas não antes de se perder e isso a aterrorizava,
pois tinha medo de tudo que se perderia no caminho, alem de si.
Apreciava os meios termos só quando
não lhe envolviam. Considerava todas as perguntas e olhares invasivos e o amor
quando a via sempre atravessava a avenida para não lhe encontrar. Ela não
amava, nunca amara, nunca soube nada sobre nenhuma espécie de amor e nunca foi
popular, nem foi filha e provavelmente jamais seria mãe ou amiga.
Passava o dia se fazendo perguntas
estúpidas e doando sorrisos a mendigos de afeto, apesar de nunca ganhar nada
benevolente. Sua existência não passava de uma duvida, ninguém soube lhe dizer
de onde veio ou para quê, se é que tinha alguma razão nesse todo.
Não entendia as pessoas e suas
vidas confusas, mesmo sendo a pessoa mais perdida no mundo. Apesar de ser
importante não se importava, não tinha nem mesmo um nome, afinal não merecia
um, não merecia nada e mesmo assim merecia tudo.